EXERCÍCIO DE AUTOIMAGEM  Toda memória em um corpo deve ser questionada. Não acredito em nada insondável. O pensando daquilo que vem a ser um...

EXERCÍCIO DE AUTOIMAGEM 


Toda memória em um corpo deve ser questionada. Não acredito em nada insondável. O pensando daquilo que vem a ser um corpo masculino dentro da perspectiva colonial, é fruto caído do desejo narcisista de uma sociedade heterocompulsória. Que primeiro opera suas estratégias no campo da visualidade e se concretiza nos regimes gestuais, onde “meninos usam azul e não sabem rebolar”.

 O corpo colonial, antes de qualquer coisa, foi transformado em máquina e sendo máquina, foi programado para o exercício diário de se fazer esquecer. Ora da lembrança do seu potencial em se articular e se transmutar no gingado espiralado de sua autonomia gestual, noutra de sua capacidade de transitar e coabitar entre dois ou mais gêneros. 

Irejoka, que em iorubá significa algo como “transitar” é um trabalho que antes de todas as coisas, se propõem a lembrar que o caminho de casa só é possível quando a corpa começa a se questionar profundamente, olhando para trás e se negando a todo o senhor, ao ponto de desmantelar o cistema binário no movimento do quadril. E assim, abrem-se os caminhos: Quem fixou em meu corpo a primeira memória? Quem desenhou e projetou em minha pele essa gestualidade com gosto de pedra? Quem disse que cintura não mexe? Quem adoeceu o meu quadril? Quem petrificou a minha articulação? 

Para responder a todas essas perguntas, é que se dança. E dançando a corpa resgata todas as suas memórias, esfarelando a articulação colonial em pó, traçando rotas visuais para fora das projeções heterossexuais, entendendo que sua escapatória só é possível se for Banto.



 

TÍTULO: Irejoka

ANO: 2020

DURAÇÃO: 4:08 mn

CÂMERA: Felipe Paulino

AUTOR: Manoel Messias S. de Souza

RA: 3813739

TURMA: 092204C07


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